Chefe da UE agradece à Polônia por ajudar a proteger a Europa do "predador" Putin em visita à fronteira com a Bielorrússia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, agradeceu à Polônia por defender a Europa de "ataques híbridos cínicos" durante uma visita com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, à fronteira com a Bielorrússia. Ela enfatizou a "urgência" de proteger a fronteira da UE do "predador" Vladimir Putin.

Tusk, por sua vez, afirmou que é hora de acabar com a ilusão de que "concessões" ou "jogos sutis" podem levar a um avanço diplomático com Putin. "Polônia, Europa, OTAN e Estados Unidos precisam, mais uma vez, ser muito firmes, decisivos e unidos contra esta última versão do império do mal", declarou.

Von der Leyen visitou a Polônia hoje, na quarta etapa de uma viagem que está realizando aos países da linha de frente do leste da UE, que começou na sexta-feira com uma viagem à Letônia e à Finlândia, seguida pela Estônia no sábado. Depois de deixar a Polônia, ela seguirá para a Bulgária, Lituânia e Romênia.

Sua visita tem como objetivo “destacar o apoio da UE aos Estados-membros que enfrentam os desafios de compartilhar fronteiras com a Rússia ou a Bielorrússia”, afirma a Comissão Europeia.

Durante a coletiva de imprensa de von der Leyen com Tusk, que ocorreu em frente à cerca anti-imigrantes que a Polônia construiu ao longo da fronteira com a Bielorrússia, o primeiro-ministro polonês revelou que os serviços de segurança recomendaram a mudança de local porque soldados bielorrussos armados foram vistos nas proximidades.

Mas ambos os líderes concordaram em prosseguir porque não pode haver " nenhuma concessão, ninguém nos intimidará ou incomodará aqui", declarou Tusk. "Estamos aqui para mostrar a verdadeira determinação europeia."

Falando ao lado dele, von der Leyen disse que tinha vindo "para expressar a total solidariedade da Europa com a Polônia como um Estado de linha de frente". Ela observou que "há anos, o povo polonês vem enfrentando ataques híbridos deliberados e cínicos, e quero enfatizar que a Europa está com vocês de todas as maneiras possíveis".

Desde 2021, a Polônia enfrenta uma crise migratória em sua fronteira leste, arquitetada pela Bielorrússia, que tem encorajado e ajudado dezenas de milhares de migrantes — principalmente do Oriente Médio, África e Ásia — a tentar entrar ilegalmente na União Europeia.

Essas ações — juntamente com uma campanha de propaganda, desinformação e sabotagem — foram chamadas de "guerra híbrida" pelos líderes poloneses e outros líderes europeus, que observam que a Rússia, aliada da Bielorrússia, também está por trás de muitas dessas ações.

“As fronteiras da Europa são uma responsabilidade compartilhada”, disse von der Leyen, que observou que fundos já foram liberados para investir em gastos com defesa e proteção de fronteiras, com ainda mais planejados no orçamento proposto pela UE para o período de 2028-2034.

“Temos que manter esse senso de urgência porque sabemos que Putin não mudou e não mudará. Ele é um predador... Ele só pode ser controlado por meio de uma forte dissuasão”, alertou ela.

von der Leyen concluiu agradecendo à Polônia por “mostrar como a coragem e a determinação, mas também o conhecimento sobre nossa história e o que podemos aprender com ela, se unem em uma ação muito concreta para proteger… a fronteira europeia e, portanto… todo o mundo democrático”.

Anteriormente, em uma publicação nas redes sociais, ela também elogiou a Polônia por ser "o país que mais gasta com defesa na Europa". A Polônia destinou este ano cerca de 4,5% do PIB à defesa, de longe o nível relativo mais alto da OTAN, e planeja aumentar esse número para 4,8% no próximo ano.

Tusk, por sua vez, observou que a reunião de hoje estava ocorrendo no aniversário da formação, em 1980, do sindicato Solidariedade , que ajudou a causar o colapso do comunismo na Polônia nove anos depois.

Parte da missão do Solidariedade “era unir a Europa e separá-la do império do mal”, disse Tusk, que foi ativista do Solidariedade na juventude. “Esta fronteira [com a Bielorrússia] é tão importante hoje quanto o nosso sonho de libertação da dominação soviética era naquela época.”

Ele acrescentou que os eventos na Ucrânia nos últimos dias e semanas demonstram claramente que "nenhuma concessão, nenhum jogo sutil com Vladimir Putin e a Rússia agressiva levará ao sucesso ou garantirá nossa segurança". Em vez disso, a Europa e os EUA devem se unir mais uma vez contra o "império do mal".

“Levamos nossas responsabilidades a sério e esperamos que todas as instituições e Estados da Europa levem a segurança de nossa fronteira oriental igualmente a sério e assumam uma postura firme contra o agressor, a Rússia”, acrescentou o primeiro-ministro. “Uma Polônia segura, uma fronteira segura, significa uma Europa segura.”

Crédito da imagem principal: KPRM/Flickr (sob CC BY-ND-ND 4.0 )